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          ELVIS EM TURNÊ
         
          * LONGA VIDA AO REI!
          *
         
           
         
           
         
          
            Modernamente,
              profissionais de propaganda e marketing sustentam a idéia de que
              o sucesso de um produto está diretamente relacionado ao
              atendimento que faz ao perfil e à demanda de seu público-alvo. 
          
             Por
              esse viés, penso, o excelente livro ELVIS EM TURNÊ, organizado
              triunfalmente pelo empenho idealista de WALDENIR AUGUSTO CECON,
              deve ser olhado. 
          
             Destina-se,
              principalmente, aos fãs brasileiros mais exuberantes e exaltados
              em suas devoções; mormente àqueles cerceados do uso mais
              sofisticado da Internet, desprovidos de banda e/ou com limitações
              idiomáticas. 
          
            Estes encontrarão,
              através de um trabalho hercúleo e admirável de pesquisa
              quantitativa, dados sobejamente disponibilizados na rede; mas, até
              então, inéditos do Brasil em publicações convencionais. Você
              se embevecerá com a riqueza de detalhes! 
          
             Cada
              um dos 394 (mega) espetáculos realizados por PRESLEY entre 1970 e
              1977, por cidades norte-americanas, EM TURNÊ, se encontra
              descrito, em pormenores: dia, hora, local, vestuário, roteiro,
              equipe, hospedagem, transporte, aspectos técnicos, desdobramentos
              audiovisuais; além de interlocuções biográficas muito breves,
              para além das aparências performáticas, são postas de maneira
              obsessivamente notável. 
          
             Se,
              no universo do ROCK, como discorrem os estudiosos, prevalecem os
              significantes sobre os significados, o visual ao áudio; no
              denominado MUNDO DE ELVIS, o vínculo de seus fãs mais fervorosos
              com o mito, caracteriza-se exatamente por uma gama complexa e
              delicada  de significantes, verdadeira trama de aspectos
              bastante subjetivos e de compreensão nada ululante e simples. 
          
             Pois
              estes aspectos são perspicazmente explorados pelo autor em seu
              livro, onde, então, quantidade será sinônimo irrefutável
              e indiscutível de qualidade; onde números e cifras elevados
              falarão de verdades absolutas; onde o grande, a qualquer preço, será
              o melhor e onde, mais do que nunca, as aparências jamais enganarão.
              E no cerne da miragem cativante e inebriante, nosso ELVIS - enormemente
              virtuoso, é certo -, estará sempre colocado à beira de um
              patamar supremo e divino; um estatuto quase sobre-humano, do
              qual, ao meu olhar veterano, definitivamente, seus fãs não são
              capazes de prescindir, em suas buscas, talvez inconscientes, por
              um super-herói; amigo, irmão, pai ou companheiro ideal e idealizado.
              Assim opera a gênese do ídolo. 
          
             Naturalmente,
              refutou-se todo e qualquer dado ou argumento que, em qualquer
              tempo, pudesse relativizar ELVIS em sua supremacia e perfeição
              absoluta. Esforços não foram medidos no sentido de
              preservar e enaltecer o MITO. E eis o grande acerto do belo livro,
              em forma e conteúdo: ser fiel ao público - conservador e crédulo
              -  ao qual se destina. 
          
             CECON
              não é tolo e/ou ingênuo e, em suas primeiras páginas - para
              ser preciso, na p. 42 -, no terceiro parágrafo, ao discorrer
              sobre um episódio particular envolvendo Parker (que não lhes
              contarei, naturalmente, para não estragar-lhes a obrigatória
              leitura), demonstra, com invulgar competência e sutileza, seu
              grande conhecimento da realidade e da alma humana; das
              concessões que a vida nos obriga quando se lida com multidões,
              com o público; quer como artista ou autor. Parabéns ao ardiloso
              escritor! 
          
             Os
              leitores mais maduros e sensíveis, nas entrelinhas, lerão
              informações preciosas. Farão articulações entre citações e
              dados biográficos sobejamente explorados, cronologicamente.
              Sentirão o constrangimento de ELVIS, em Houston (1974),
              quando Parker e Vernon cruzam o estádio, em verdade desrespeitosa
              e onipotentemente, durante o mega-espetáculo, com uma mula (Elvis
              possivelmente gargalha para não chorar!); assim como perceberão
              as raras presenças de Parker em shows, em momentos cruciais
              da vida do protagonista e, se hábeis, bem-informados e
              inteligentes, poderão proceder uma leitura profícua e tirar
              proveito analítico dos dados tecnicamente apresentados. 
          
             O
              ótimo livro também traz um instrumento imprescindível aos
              chamados fanelvis: fotos, belas e raras.
              O público de ELVIS é tão capturado pela sua imagem quanto pela
              sua arte. Ou mais. 
          
             Particularmente,
              continuo a torcer, para que, no futuro, consigamos suportar
              aspectos biográficos insistentes e óbvios, já fartamente
              dispostos em vasta literatura sobre ELVIS que, entretanto,
              continuamos a refutar; para que, finalmente, um dia, as pessoas
              competentes do cinema - que existem, não nos iludamos -, possam
              presentear, não apenas fãs, mas o grande público
              "leigo", com uma película sobre ELVIS, adulta,
              interessante, verossímil. Como recentemente o fizeram com CHARLES e
              CASH. O impasse é delicado: não há com realizar um filme sério
              sobre ELVIS PRESLEY em forma de conto-de-fadas e, um filme,
              contundente, verídico, seu público parece não suportar, em sua
              busca infinita de um ser que jamais existiu ou existirá. Além
              disso, imploda-se o ser idealizado e perderão dezenas de milhões
              de dólares anualmente... 
          
             Assim
              sendo, continua valendo a máxima de Parker, quando da
              conclusão da soundtrack de HARUM SCARUM:  
          
            "- Coronel,
              esta mixagem e equalização são de péssima qualidade, esse
              disco é, tecnicamente, a pior coisa que já ouvi"! -
              alguém argumentou no estúdio. 
          
             "
              - Para quem se destina, está ótimo. Caprichem nas fotos!" 
          
             Finalmente,
              agradeço enormemente a deferência prefacial; um reconhecimento
              raro e pertinente, neste momento em que ELVIS completa quatro décadas
              em minha vida. 
          
             *
              Fã desde 1966 e associado à GANG´ELVIS desde 1973, o autor fundou
              e dirigiu o GRUPO-INFORMATIVO THE PELVIS entre 1973/79.
              www.periodontum.hpgvip.com.br.   |