AUTOR: MARCELO COSTA (BEPS)
Foi com enorme tristeza que recebi a notícia que minha amiga Julie Parish (Paradise, Hawaiian Style ou No Paraíso do Havaí) perdeu recentemente sua batalha contra esta tarrível doença chamada câncer, que tantas pessoas queridas tem vitimado.Nos conhecemos em Memphis, por ocasião de sua primeira visita à cidade e à Elvis Week. Na ocasião, fomos apresentados por Patsy Andersen, momentos antex do evento chamado Conversations On Elvis, naquele ano realizado na famosa tenda onde se apresentam imitadores, covers e cantores.Com ela, Cynthia pepper (Kissin´Cousins), Anne Helm (Follow That Dream) e Deborah Walley (Spinout), além de presença de última hora de Suzanna Leigh (Paradise, Hawaiian Style).Ao final da sessão de perguntas e respostas do evento, pedi a palavra e num momento de muita emoção, disse a ela aquilo que talvez muitos aqui gostariam de dizer: da grande emoção de conhecer pessoalmente atrizes que tanta vezes "entraram em nossas casas acompanhadas de Elvis" . Na verdade, emocionado que estava, acabei por tocá-las ao contar das dificuldades que enfrentamos aqui no Brasil para fazer uma viagem a Memphis e o quanto isto era apenas um sonho para a maioria de nosso povo Veio a sessão de autógrafos e ao chegar minha vez, eu ainda tremia quando Julie chamou a atenção das outras sobre minha presença e após tirarmos fotos, fui convidado a encontrá-las mais tarde num outro evento, onde poderíamos conversar mais longamente.Compareci no horário e local combinados. Era uma feirinha onde elas eram as convidadas de honra e passamos umas duas horas muito agradáveis juntos ( eu, Julie, Déborah, Cynthia e Ann - Suzanne não estava com elas).Ao final do evento, notei que havia algo errado pois todas conversavam nervosamente entre si e com um senhor de óculos que me pareceu ser um dos organizadores. O problema era que haviam esquecido de destacar alguém para levá-las de volta ao hotel. prontamente, me ofereci para tal tarefa e lá fui eu dar-lhes uma carona.No caminho, enquanto eu ainda meio fora de mim, emocionado com tão ilustres companheiras, fui questionado sobre qual era minha peça preferida da Broadway. Respondi prontamente que era "West Side Story" e imediatamente as três passaram a cantar as músicas da peça. Resolvi surpreendê-las também e no meio do "medley" improvisado por elas, cantei minha favorita de todas, "Maria "e aquilo virou um momento que reputo dos mais emocionantes de minha vida. Eu, cantando com três atrizes de filmes de Elvis era demaisAí vocês perguntariam : mas ninguém falou de Elvis ? e eu respondo : Sobre o que vcs. acham que foram as conversas anteriores ? Evidentemente, todas já haviam falando sobre seus respectivos envolvimentos com Elvis à exaustão e por isso decidi não mais perguntar e sim ,apenas ouvir. Após tomarmos um café juntos no hotel, ainda me lembro de cantar "Angel" com Anne Helm no saguão, enquanto esperávamos pelas outras que haviam ido a seus quartos. Nos despedimos e combinamos um novo encontro para breve Posteriormente, Patsy, que igualmente não havia pedido a ninguém para guiá-las em Memphis, perguntou-me se eu não poderia ajudá-la neste sentido e aí então tornei-me o "motorista" das atrizes, acompanhado-as ás compras, passeios e compromissos, estreitando ainda mais nossa amizade Numa das noites, Deborah fazia aniversário e ganharara um jantar no Elvis Presley´s da presente de Graceland. Para minha alegria, fui convidado a ser seu par no jantar e levamos Julie e Ann conosco. Jantamos e dançamos muito ao som de Elvis, inclusive músicas dos filmes que elas participaram, o que também foi algo muito marcante para mim. Naquela mesma noite passeamos de charrete pelo centro de Memphis, num momento com ares de surrealismo para mim. Noutra noite, participamos juntos de um passeio de barco pelo Mississipi ao som da banda de Terry Mike Jeffrey, um dos melhores intérpretes de Elvis que já ouvi, especialmente porque não se trata de um cover. os passeios eram sempre recheados de momentos emocionantes e relatos das experiências de cada uma com Elvis. Ao contrário das mirabolantes histórias criadas pela imprensa sobre Elvis e suas atrizes, todas me contaram passagens incríveis que revelaram um Elvis que nós que nunca o vimos ou conversamos com ele, totalmente diferente. Alguém com grande conhecimento literário e preocupado com o ser humano e seus caminhos. Todas falaram sobre demorados debates com Elvis sobre livros ou temas que afetam a humanidade e cada uma tinha sua história sobre alguma atitude ou momento de cavalherismo e respeito demonstrado por ele. Nada de propostas ou atitudes grosseiras, nem mesmo comportamentos que sugerissem drogas ou alguma baboseira destas comuns que a imprensa inventa. O verdadeiro Elvis, com quem todas tiveram o prazer de passar horas e ter como amigo, do jeitinho que gostaríamos de ter. Todas também foram unâmines em dizer que seus contatos com Elvis com o tempo foram se tornando mais difíceis, especialmente pela ação daqueles que o cercavam, mas que vez ou outra , recebiam seu alô através de um cartão, flores ou mais raramente, por telefone, especialmente quando ele era informado que elas estrevam uma peça em teatro ou um filme.Nas despedidas da Elvis Week, acertamos que eu as traria ao Brasil, para que os fãs pudessem passar pelo que passei e sentirem o que senti ao lado delas, mas quis o destino que isto não se concretizasse.Após trocar alguns e-mails, cartas e cartões com elas, notei que os de Deborah, subitamente deixaram de ser respondidos. Um câncer havia levado a graciosa baterista ,ainda ruivinha ,de nosso convívio.Nestes dois últimos anos, Julie esteve em Memphis novamente mas desta vez ,Graceland contratou-lhe até motorista e nosso encontros foram mais rápidos, pois eu também tinha compromissos com nossa excursão. Mesmo assim, choramos juntos por Debbie e combinamos que o plano de vir ao Brasil seria mantido. Cheguei a conversar em Cynthia Pepper em Las Vegas, mas agora confesso, perdi um pouco o pique, pois Julie estava muito animada com a possibilidade de vir aqui e conhecer a todos. É bem provável que a idéia seja retomada noutro momento, mas não será o mesmo sem Debbie e muito menos, agora, sem Julie.Querida, que Deus a tenha num lugar especial, pois você bem o merece. Certamente, você já se reencontrou com aquele que foi o motivo de nos conhecermos e com quem deve estar novamente conversando preocupados sobre os destinos incertos de nossa humanidade.
|