ELVIS IN THE MOVIES - THE HOLLYWOOD YEARS

AUTOR: NILSON REGO

ELVIS !!!!!!!!!!!!!!!!!!

ROUSTABOUT

FRANKIE AND JOHNNY

SPEEDWAY

ROUSTABOUT

VIVA LAS VEGAS

ELVIS IN THE MOVIES - THE HOLLYWOOD YEARS

* - THE SOUNDTRACKS – OUTRAS CENAS *

  • Em um ano de vida, o ELVIS TRIUNFAL se impôs como um dos mais completos e interessantes portais preleyanos do mundo. Por vários motivos. Um deles, ao meu ver, por resgatar a análise, para além das paixões e gostos pessoais. Essa prática requer discernimento e é comum aos biógrafos, fãs e pesquisadores mais abalizados. WALTEIR TERCIANI foi seu principal pioneiro no Brasil, mas outros a abandonaram nos últimos anos. Perdemos todos. Aproveitando a feliz oportunidade, e sempre inspirado em ELVIS, gostaria - neste ano em que pouco comemora-se os 50 anos do singelo e emocionante demo record MY HAPINESS/THAT´S WHEN YOUR HEARTACHES BEGIN - de discutir alguns aspectos relevantes dos chamados HOLLYWOOD YEARS; fase intermediária entre a estrondosa revolução sócio-cultural instaurada a partir de seu surgimento e retorno aos palcos, em julho de 1969. Nesses comentários, se me permitem, tenciono deixar de fora LOVE ME TENDER (1956), LOVING YOU (1957), JAILHOUSE ROCK (1957), KING CREOLE (1958), ELVIS: THAT´S THE WAY IT IS (1970) e ELVIS ON TOUR (1972); optando por seguir os autores que os colocam em outros contextos de sua obra. Consideremos então, em nosso recorte, o período entre 1960 e 1969; fase para muito além de Beatles, Dylan, Hendrix, Joplin e Stones – mais usualmente enfocados. Foram anos de ritmos e modismos múltiplos, de influência latina na música, de beach songs, dos primeiros passos das canções políticas; era plural, de fusão no jazz, de nova revolução na concepção de harmonia, de grande apelo bossa-novistaGrossomodo, ao meu ver, as chamadas SOUNDTRACKS, trilhas-sonoras, tem sido subestimadas em seu valor qualitativo, mesmo entre os fãs, pesquisadores e admiradores mais ferrenhos. O próprio ELVIS, não raramente, mostrou-se irônico e entediado em relação ao material fonográfico advindo de seus filmes; principalmente a partir de meados dos anos 60. Contudo, quando nos debruçamos sobre o legado fonográfico de ELVIS desse período, vamos encontrar um fiel mosaico desse caleidoscópio; algo viável apenas a alguém de indescritível versatilidade. Tecnicamente, não entro no mérito da questão. Há material bem produzido e bem cantado, bem produzido e mal cantado, mal produzido e bem cantado e mal produzido e mal cantado. Se estiver errado, peço ao brilhante Maurício Camargo de Brito, colega e amigo querido (saudade e gratidão, Maurício!) e excelente músico, que me corrija.Entretanto, eis o aspecto - ao menos para mim, irrefutável - que gostaria de sublinhar: o ecletismo de ELVIS. Se, pessoalmente, desgostava de grande parte do material que lhe era oferecido, seu mérito é ainda maior; pelo profissionalismo e competência com que deu conta de seu trabalho. ELVIS – ou qualquer outro artista popular, em qualquer tempo – jamais conseguiu tamanho ecletismo em sua carreira. Basta que revisitemos as soundtracks, para encontrarmos rock n´rolls, baladas (êpa!), folks, boleros, twists, rumbas, calipsos, countries, rhythm n´ blues, gospels, blues, westerns, dixielands; versões diversas, músicas temáticas e inspirações anglo-saxãs e latinas. Até flertes com o tango, bossa-nova e com a Broadway vamos achar! Clássicos do cancioneiro norte-americano foram gravados nestes anos com grande habilidade. Algumas das mais lindas interpretações de ELVIS são também dessa fase, muitas vezes, para canções muito singelas e, por isso mesmo, muito tocantes. Ademais, os duetos de ELVIS foram memoráveis nesse período, muito antes de se tornarem filões por outros artistas! Lembremos alguns exemplos: Hard knocks (ROUSTABOUT, 1964) e Long legged girl (DOUBLE TROUBLE, 1966), se gravadas nos anos 50, teriam se tornado clássicos do rock n´roll. Wooden heart (G. I. BLUES, 1960) conquistou a Europa e o mundo, arrebatando até os corações germânicos mais sisudos. You can´t say no in Acapulco (FUN IN ACAPULCO, 1963), Kismet (HARUM SCARUM, 1965) e All that I am (SPINOUT, 1966) são bolerões deliciosos! Happy ending (IT HAPPENNED AT THE WORLD´S FAIR, 1962) e C´ on everybody (VIVA LAS VEGAS, 1963) são de destronar o Chubby Checker. I´ll be back (SPINOUT, 1966) é o máximo em rhythm & blues. Beach boy blues (BLUE HAWAII, 1961) e Hard luck (FRANKIE AND JOHNNY, 1965) são pungentes e dilacerantes. How would you like to be? (IT HAPPENNED AT THE WORLD´S FAIR, 1962), Old Mac Donald (DOUBLE TROUBLE, 1966) e Confidence (CLAMBAKE, 1967) encantam a criança que insiste em nos habitar; felizmente! Quem se lembra de Chesay (FRANKIE AND JOHNNY, 1965), ciganíssima? O empenho e a eloqüência de ELVIS em Hawaiian wedding song (BLUE HAWAII, 1961), Guadalajara (FUN IN ACAPULCO, 1963) e Santa Lucia (VIVA LAS VEGAS, 1963) são admiráveis! Há algo de surpreendentemente portenho em The walls have ears (GIRLS! GIRLS! GIRLS!, 1962). Recentemente, a admirável Ithamara koorax, ótima representante da new bossa contemporânea - exigente como ela só! -, levou a dificílima e terna Almost in love (LIVE A LITTLE, LOVE A LITTLE, 1968) às paradas do todo o mundo. ELVIS deu simpatia e descontração aos temas Down by the riverside e When the saints go marching in (FRANKIE AND JOHNNY, 1965), tradicionais clássicos do dixieland. The lady loves me, com Ann-Margret (VIVA LAS VEGAS, 1963), Petunia, the gardener’s daughter, com Donna Douglas (FRANKIE AND JOHNNY, 1965), Who needs money?, com Willie Hutchins (CLAMBAKE, 1967) e Signs of the Zodiac, com Marlyn Mason (THE TROUBLE WITH GIRLS, 1968) são Broadway pura! Ray Charles jamais deixou de enaltecer a célebre versão de ELVIS para You don´t know me (CLAMBAKE, 1967); belíssima realmente. Existe coisa mais sublime do que ELVIS em Beginner’s luck (FRANKIE AND JOHNNY, 1965) ou em Almost (THE TROUBLE WITH GIRLS, 1968), acompanhando-se, inclusive, ao piano? E o que dizer de Pocketful of rainbows (G. I. BLUES, 1960), Flaming Star (FLAMING STAR, 1960), Anyone (KISSIN´COUSINS, 1964), Sing you children (EASY COME, EASY GO, 1966), Suppose (SPEEDWAY, 1967), Charro (CHARRO, 1968), Swing down Sweet Chariot (THE TROUBLE WITH GIRLS, 1968), Let´s forget about the stars e Let´s be friends? (CHANGE OF HABIT, 1969)? Você lembrava que Today, tomorrow and forever (VIVA LAS VEGAS, 1963) é uma comovente versão para a obra-prima de Liszt, “Rêve D´Amour” (Sonho de amor)? Possivelmente, THE HOLLYWOOD YEARS não portam o melhor de ELVIS em estúdio. Talvez nem seja a sua fase preferida. Tampouco a minha o é. Devemos, todavia, evitar dois erros muito comuns quando avaliamos a história: o anacronismo e as interpretações selvagens. Não devemos repeti-los. Mormente quando avaliamos a biografia e o legado fonográfico de ELVIS PRESLEY. Até porque as aparências enganam e, por vezes, na simplicidade reside o genial. Agradeço ao ELVIS TRIUNFAL pela oportunidade e a todos pela atenção.

  Nilson Rego (Membro da Gang Elvis Fan Club)