AUTOR: JORGE CARREGA
Elvis, Kurt Russel e John Carpenter
Como é sabido, Kurt Russel teve a sua estreia cinematográfica com apenas 10 anos de idade no filme It Happened At the World’s Fair (1963) onde protagonizava duas cenas cómicas com Elvis, uma experiencia marcou que decisivamente a carreira do actor.
Aos 27 anos, precisamente a
idade de Elvis quando rodou It Happened At the World’s Fair, e
depois de mais de uma década a trabalhar em filmes juvenis, Kurt Russel
relançou a sua carreira ao interpretar o papel de Elvis. O filme,
realizado pelo jovem John Carpenter, acabado de sair do êxito de
Halloween, marcou o início da carreira adulta de Russel e uma das mais
interessantes parecerias cinematográficas do cinema americano. Juntos
Carpenter e Russel trabalharam em cinco filmes, nomeadamente: Escape
From New York (81) e a sua sequela, Escape From LA (96),
A importância de Jonh Carpenter na carreira de Kurt Russel foi decisiva, pois foi nos filmes de Carpenter que Russel desenvolveu a sua inconfundível “screen-persona”, desempenhando os seus heróis de acção com um sentido de humor burlesco que continuou a desenvolver em filmes exteriores ao universo de Carpenter, como Tango e Cash (89), Captain Ron (92), 3000 Miles to Graceland (2001) e Grindhouse – À Prova de Morte (2007) de Quentin Tarantino, precisamente um dos realizadores modernos mais influenciados pela obra de Carpenter.
Em 2008 a cinemateca portuguesa organizou uma retrospectiva da carreira de John Carpenter, iniciativa acompanhada como é costume nestas ocasiões da publicação de um catálogo dedicado ao realizador. Nesta interessante publicação somos brindados com uma longa entrevista com o realizador e entre os vários artigos nele incluídos, encontra-se um intitulado “Os prazeres culpados de John Carpenter”, no qual o realizador fala sobre alguns dos seus filmes favoritos e que marcaram decisivamente o seu gosto pelo cinema popular, influenciando a sua abordagem ao cinema. Entre as obras citadas, encontram-se como seria de esperar alguns filmes de terror e suspense, como The Invisible Invaders (59) e The Giant Claw (57), mas também êxitos populares do cinema de aventuras fantástico Goliath and the Barbarians (60) com Steve Reeves e ainda um filme musical, nem mais nem menos que Blue Hawaii, protagonizado por Elvis em 1961, e sobre o qual Carpenter declarou: “O primeiro grande filme de Elvis no Havai, é também o melhor de todos. Ângela Lansbury é a mãe de Elvis, que quer que ele tome parte do negócio da família. Elvis quer seguir o seu próprio caminho como guia turístico. Ainda me comovo quando canta “Can’t Help Falling In Love”. Elvis casa-se com Joan Blackman num casamento havaiano sem sentido, mas muito enfeitado. O Rei no seu melhor.”[1] John Carpenter, um dos realizadores mais originais do cinema americano de entre o final dos anos 70 e os meados dos anos 90 e Kurt Russel, um dos actores mais interessantes e versáteis do cinema americano dos últimos 30 anos, são dois exemplos vivos do impacto que Elvis Presley teve no cinema e na cultura popular do século XX. Jorge Carrega [1] John Carpenter, Memórias de um homem bem visível, Catálogo editado pela cinemateca portuguesa - museu do cinema, 2008.
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