A VOLTA TRIUNFAL DE ELVIS
Nesse Especial Elvis canta "If Can Dream" mostrando sua preo- cupação com os pro- blemas sociais
O Especial intercalava imagens de uma apresentação ao vivo com cenas gravadas em estúdio
Vários takes alternativos são encontrados em vídeo que incluem até os erros das gra vações
Elvis pegou todos de surpresa, ninguém esperava uma apresentação com tanta força e inspiração!
|
A VOLTA MAIS DO QUE TRIUNFAL (Marcelo Neves) Ao assistir 3 horas de um filme sobre os Beatles fiquei imaginando o que estaria passando na cabeça de Elvis naquele período. Pois nem o mais fanático fã de Elvis iria negar que os Beatles realmente dominaram os anos 60. Chegavam a ter 5 sucessos nas paradas de sucesso e praticamente o mundo só se falava neles. Lotavam grandes estádios e realizaram uma turnê pelo mundo que incluía até Japão e Itália. Elvis estava afastado dos primeiros postos da parada. Não fazia mais shows na década de 60, excluindo é claro o de 1961 e 1968/69. Nunca realizou uma turnê mundial e estava afastado da juventude que o consagrou. É até deve ter sido difícil ver seu reinado ameaçado com tamanha voracidade do quarteto de Liverpool. Se não bastasse os novos grupos, os novos ídolos, Elvis estava recebendo papeis que eram abaixo de seu talento e isso é algo hoje inquestionável. A “fórmula Elvis” de se fazer filme era rentável no inicio.
Bastava colocar algumas canções, garotas e algumas brigas, que estava feito o roteiro. Porém a mesma “piada” foi perdendo a graça conforme foram passando os anos. Elvis sabia que seu público merecia mais e disse isso várias vezes ao Coronel Parker. O velho empresário possuía uma lábia de se tirar o chapéu e acabava sempre convencendo Elvis de que era o melhor negócio. Só que o próprio Coronel percebeu que seu esquema de filmes já não agradava no final da década de 60. Spinout (1967), Double Trouble (1967) e Clambake (1968) haviam sido muito aquém do sucesso de GI Blues (1960) ou Blue Hawaii (1961). A ausência de Elvis nas paradas de sucesso preocupava e era nítido que o sucesso estava se apagando. Foi ai que o Coronel Parker resolveu se mexer e arrumar um especial de TV. A idéia inicial seria um programa de canções natalinas que seria transmitido em dezembro de 1968. A idéia que partiu do próprio Coronel não iria ajudar a carreira de Elvis e sim afundá-la de vez. Quem percebeu isso logo de cara foi o Diretor do Especial chamado Steve Binder, um cara bem jovem e que conhecia muito bem a carreira de Elvis. Além de conhecer a carreira de Elvis, Steve era um apreciador do Rei do Rock e sabia exatamente o que os fãs desejavam naquela época. Ao escutar a proposta do Coronel, Steve não pensou duas vezes, chamou Elvis para uma conversa séria.
Steve quis mostrar a Elvis que o Especial poderia ser sua última chance de voltar a tona e confirmar de vez sua coroa de Rei do Rock. Mostrou que sua carreira estava em declínio e que sua popularidade estava realmente acabando. Elvis a principio não acreditou em sua palavras alegando que mal podia sair de casa por causa de sua fama. Elvis foi até a calçada com Steve para ver a reação das pessoas e nada aconteceu, as pessoas passavam por Elvis indiferentes. O Coronel quando ficou sabendo disso ficou extremamente furioso. Mas Elvis precisava saber a realidade e foi isso o que aconteceu. Imagine Elvis caminhando pelas ruas em 1968 observando a nova geração de jovens usando roupas psicodélicas. O movimento Hippie estava a todo vapor neste período. Elvis ficou desconcertado. As pessoas passavam por ele e nada. Ninguém percebia que um dos maiores ícones da música mundial estava na sua frente. Aquilo mostrou a Elvis que deveria fazer alguma coisa para dar a volta por cima. Aquilo foi o resultado de anos de filmes que não condiziam com seu talento, de trilhas sonoras que passaram despercebidas do público. Depois desse episódio Elvis concordou com Steve e entrou de cabeça no especial de TV. A idéia de se fazer um programa natalino foi abandonada o que deixou o Coronel irritadíssimo. Por causa disso quase a parceria de Elvis e o Coronel acabou, pois pela primeira vez Elvis batia de frente com as opiniões de seu empresário. Steve teve a brilhante idéia de colocar Elvis num “acústico” com sua primeira banda. Elvis seria o pioneiro nesse formato de show tão conhecido hoje em dia. O diretor percebia que Elvis ficava bastante a vontade quando estava com seus amigos. Foi um momento mágico para os fãs e para Elvis. Pois há muito tempo que ele não fazia isso. Foi a última vez que ele cantou com Scotty Moore e JD Fontana. Bill seu primeiro baixista havia falecido em 1965 e não pode participar. O especial seria dividido em vários temas: Elvis cantando sozinho com orquestra e banda; cantando com sua banda original; cenas de estúdio e apresentação de dança! Mas com certeza a melhor parte é aquela que Elvis enfrenta uma platéia! A última vez que havia feito isso foi em 1961 num show no Hawaii. O mundo havia mudado musicalmente principalmente com o surgimento dos Beatles em 1962 e das novas bandas que seguiram o encalço do quarteto de Liverpool. Fora contar o movimento “Flower Power” que estava em voga em 1968. Novos ídolos haviam surgido como Janis Joplin, Jimi Hendrix, The Doors, The Birds e Rolling Stones. Então o impensável aconteceu, Elvis estava com medo, chegando ao ponto de perguntar aos amigos se iriam gostar durante sua apresentação. Estava muito inseguro, afinal o público não era o mesmo de 12 anos antes. Estava com 33 anos de idade e era só visto em cinemas e em suas trilhas sonoras. Quando Elvis adentra o palco é visível como estava nervoso. Sua mão trêmula pega o microfone e começa os primeiros acordes de “Heartbreak Hotel”. Como se trata de um medley coloca “Hound Dog”, em seguida emenda com “All Shook up”. Ao finalizar o medley o público o aplaude com muita alegria. Elvis agradece e diz: “...já faz tempo, muito tempo”. Com a platéia em sua mão, Elvis canta “Can’t help falling in love” numa de suas melhores interpretações. Elvis se entrega de corpo e alma na canção transformando aquele momento num dos mais lindos de sua carreira.
Os clássicos dos anos 50
são os mais lembrados no especial. “Jailhouse Rock” é
executado com muita energia levantando a platéia. Em seguida
“Dont be Cruel” para selar de vez a coroa de Rei do Rock. Outro
momento interessante é a execução de “Love me Tender” em que
Elvis troca algumas palavras da canção gerando risos na platéia.
Elvis tinha tanto controle sobre a platéia que até errando alegrava
seus fãs.
A
|
Elvis chegou a dormir nos camarins para se dedicar 100% nesse Especial! Ele sabia que aquele não seria apenas um Especial, mas um marco para o Rock Mundial, o que acabou acontecendo!
O album NBC TV SPECIAL Alcançou o 8º. lugar das paradas colocando Elvis nova- mente no Top 10 das paradas nos Estados Unidos
O Especial ainda hoje é muito moderno, fica até dificil acreditar que foi realizado em 1968.
Elvis também mudou sua forma de dançar também no palco, colocando uma coreo- grafia que seria sua marca registrada a partir de então
|
GALERIA DE FOTOS DO 68 COMEBACK